Esta carta foi escrita por uma enfermeira americana que perdeu seu bebe
e tem sido usada no mundo todo para ajudar as pessoas a compreenderem o
sofrimento que enfrentam as mães que perdem seus filhos.
Espero que possa ajudar a todos os que lerem-na.
Esta carta foi feita para ajudar outras pessoas a entender e respeitar a dor da
perda gestacional.
Quando estiver tentando ajudar uma mulher que perdeu um bebê, não ofereça sua
opinião pessoal sobre sua vida, suas escolhas, seus projetos para seus filhos.
Nenhuma mulher nesta situação está procurado por opiniões (de leigos) sobre
porque isto aconteceu ou como ela deveria se comportar.
Não diga: É a vontade de Deus. Mesmo se nós somos membros de uma mesma
congregação, a menos que você seja um dirigente desta igreja e eu estiver
procurando por sua orientação espiritual, por favor, não deduza o que Deus quer
para mim. A vontade de Deus é que ninguém sofra. Ele apenas permite.
Apesar de saber que muitas coisas terríveis que acontecem são permitidos por
Deus, isto não faz estes acontecimentos menos terríveis.
Não diga: Foi melhor assim havia alguma coisa errada com seu bebê. O fato de
haver alguma coisa errada com o bebê é que me faz tão triste. Meu pobre bebê
não teve chance. Por favor, não tente me confortar destacando isto.
Não diga: Você pode ter outro. Este bebê nunca foi descartável. Se tivesse a
escolha entre perder esta criança ou furar meu olho com um garfo, eu teria
dito: Onde está o garfo? Eu morreria por esta criança, assim como você morreria
por seu filho. Uma mãe pode ter dez filhos, mas sempre sentirá falta daquele
que se foi.
Não diga: Agradeça a Deus pelo(s) filho(s) que você tem. Se a sua mãe morresse
num terrível acidente e você estivesse triste, sua tristeza seria menor porque
você tem seu pai?
Não diga: Agradeça a Deus porque você perdeu seu filho antes de amá-lo
realmente. Eu amava meu filho ou minha filha. Ainda que eu tenha perdido meu
bêbê tão cedo ou quando nasceu, eu o amava.
Não diga: Já não é hora de deixar isto para trás e seguir em frente? Esta
situação não é algo que me agrada. Eu queria que nunca tivesse acontecido.
Mas aconteceu e faz parte de mim para sempre.A tristeza tem seu tempo que não é
o meu ou o seu.
Não diga: Eu entendo como você se sente. A menos que você tenha perdido um
bebê, você realmente não sabe como eu me sinto. E mesmo que você tivesse
perdido, cada um vivencia esta tristeza de modo diferente.
Não me conte estórias terríveis sobre sua vizinha, prima ou mãe que teve um
caso parecido ou pior. A última coisa que preciso ouvir agora é que isto pode
acontecer seis vezes pior ou coisas assim. Estas estórias me assustam e geram
noites de insônia assim também como tiram minhas esperanças. Mesmo as que
tenham tido final feliz, não compartilhe comigo.
Não finja que nada aconteceu e não mude de assunto quando eu falar sobre o
ocorrido. Se eu disser antes do bebê morrer... Ou quando eu estava
grávida...não se assuste. Se eu estiver falando sobre o assunto, isto significa
que quero falar. Deixe-me falar. Fingir que nada aconteceu só vai me fazer
sentir incrivelmente sozinha.
Não diga Não é sua culpa. Talvez não tenha sido minha culpa, mas era minha
responsabilidade e eu sinto que falhei. O fato de não ter tido êxito, só me faz
sentir pior. Aquele pequenino ser dependia unicamente de mim para trazê-lo ao
mundo e eu não consegui. Eu deveria trazê-lo para uma longa vida e não pude
dar-lhe ao menos sua infância. Eu estou tão brava com meu corpo que você não
pode imaginar.
Não me diga: Bem, você não estava tão certa se queria ter este bebê... Eu já me
sinto muito culpada sobre ter reclamado sobre mal estar matinais ou que eu não
me sentia preparada para esta gravidez ou coisas assim. Eu já temo que este
bebê morreu porque eu não tomei as vitaminas, comi ou tomei algo que não devia
nas primeiras semanas quando eu não sabia que estava grávida.
Eu me odeio por cada minuto que eu tenha limitado a vida deste bebê. Se sentir
insegura sobre uma gravidez não é a mesma coisa que querer que meu bebê morra,
eu nunca teria feito esta escolha.
Diga: Eu sinto muito. É o suficiente. Você não precisa ser eloqüente. As
palavras dizem por si.
Diga: Ofereço-lhe meu ombro e meus ouvidos.
Diga: Vocês vão ser pais maravilhosos um dia ou vocês são os pais mais
maravilhosos e este bebê teve sorte em ter vocês. Nós dois precisamos disso.
Diga: Eu fiz uma oração por vocês. Mande flores ou uma pequena mensagem. Cada
uma que recebi, me fez sentir que meu bebê era amado. Não envie novamente se eu
não responder.
Não ligue mais de uma vez e não fique brava (o) se a secretária eletrônica
estiver ligada e eu não retornar sua chamada. Se nós somos amigos íntimos e eu
não estiver respondendo suas ligações, por favor, não tente novamente. Ajude-me
desta maneira por enquanto.
Não espere tão cedo que eu apareça em festas infantis e ou chás para bebes ou
vibre de alegria no dia das mães. Na hora certa estarei lá.
Se você é meu chefe ou companheiro de trabalho:
Reconheça que eu sofri uma morte em minha família não é simplesmente uma
licença médica. Reconheça que além dos efeitos colaterais físicos, eu vou estar
triste e angustiada por algum tempo. Por favor, me trate como você trataria uma
pessoa que vivenciou a morte trágica de alguém que amava. Eu preciso de tempo e
espaço.
Por favor, não traga seu bebê ou filho pequeno para eu ver. Nem fotos. Se sua
sobrinha está grávida, ou sua irmã teve um bebê há pouco, por favor, não divida
comigo agora. Não é que eu não possa ficar feliz por ninguém mais, é só que
cada vez que vejo um bebê sorrindo ou uma mãe envolta nesta felicidade, me traz
tanta saudade ao coração que eu mal posso agüentar. Eu talvez diga olá, mas
talvez eu não consiga reprimir as lágrimas. Talvez ainda se passarão semanas ou
meses antes que eu fique pelo menos uma hora sem pensar nisso. Você saberá
quando eu estiver pronta.Eu serei aquela que perguntará pelos bebes, ou como
está aquele garotinho lindo?
Acima de tudo, por favor, lembre-se que isto é a pior coisa que já me
aconteceu.
A palavra morte é pequena e fácil de dizer. Mas a morte do meu bebê é única e
terrível. Vai levar um bom tempo até que eu descubra como conviver com isto.
Ajude-me.